Coluna - Detran comprou sistema por R$ 6 milhões e nunca usou; agora quer pagar R$ 9 milhões em mais licenças
Secretário de Saúde diz que 'JP II será desativado quando nova unidade de saúde for comprada; Marcos Rogério quer discutir tardiamente BR 364; Lebrão quer compensação fiscal para produtores de leite
Errei…
Na última coluna, havia dito que o Detran havia adquirido um software que gera máquinas virtuais através de um sistema chamado VDI por R$ 3 milhões. Na verdade foram R$ 6.182.492,42, e o valor seria para compra de 700 licenças, mas nem metade delas foram instaladas. Antes de prosseguir, é preciso entender do que se trata esse software. É uma tecnologia de Virtual Desktop Infrastructure (VDI) que foi criada para reduzir custos e aumentar a eficiência no uso de computadores. Com ela, todo o processamento acontece em servidores centralizados, enquanto os usuários acessam os sistemas por meio de máquinas simples, que apenas enviam comandos de teclado e mouse e exibem o vídeo pela rede. Assim, não é necessário ter um computador potente para rodar os programas, pois todo o trabalho pesado é feito no servidor.
Porém…
O Detran tomou uma decisão completamente contraditória ao escolher uma solução que exigia processamento local nas máquinas dos usuários. Em vez de aproveitar o VDI para economizar recursos, o órgão usou computadores de alto desempenho para executar um sistema que deveria rodar em equipamentos simples. O erro fica ainda mais evidente quando se considera que essas máquinas já vinham com Windows licenciado e poderiam ser usadas como desktops normais. Se o objetivo fosse adotar a virtualização corretamente, bastaria formatá-las e instalar um sistema operacional livre, como Linux, garantindo um uso mais eficiente.
E continua…
Mas o que foi feito? O Detran pegou computadores potentes, que poderiam ser usados para tarefas comuns, e os transformou em terminais de virtualização que não precisavam de tanta capacidade. Em outras palavras, era como usar um carro esportivo apenas para ouvir rádio na garagem. O resultado? Equipamentos caros desperdiçados e um sistema que não aproveita o real benefício da virtualização. Essa decisão levanta um questionamento óbvio: por que investir em uma solução de VDI que não elimina a necessidade de máquinas potentes? A escolha errada não só gerou desperdício de dinheiro, como também mostrou uma falta de planejamento tecnológico que poderia ter sido evitada com uma análise mais criteriosa das necessidades e possibilidades da infraestrutura de TI do órgão.
Seguindo
O referido contrato chegou a aportar no Tribunas de Contas, em setembro de 2023, quando o Detran estava sob o comando de Léo Moraes, agora prefeito de Porto Velho. Na ocasião, todas as informações foram encaminhadas ao TCE, porém, como tratava-se de uma denúncia anônima, que não preenchia todos os quesitos de admissibilidade, foi arquivado. Mesmo assim, agora, o Detran abriu novo processo para compra de 1.400 licenças, ao preço de R$ 9 milhões. Além do preço exorbitante, e a total inutilidade do serviço, os servidores físicos do Detran não comportam essa quantidade de máquinas virtuais rodando ao mesmo tempo, em outras palavras, abre brecha para a compra de novos servidores, e o dinheiro do contribuinte, mais uma vez, indo parar nos porões empoeirados.
Audiência
O secretário de Saúde do Estado, Jefferson Ribeiro da Rocha compareceu nesta terça-feira à audiência da Comissão de Saúde e Assistência Social da Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre a compra de uma unidade hospitalar e as medidas que foram adotadas em relação ao Heuro. De acordo com o secretário, três unidades hospitalares estão sendo avaliadas para possível aquisição: Hospital 9 de Julho, Hospital das Clínicas e Hospital Central. Uma comissão especial foi constituída pelo governador Marcos Rocha para realizar os estudos técnicos preliminares e definir qual unidade será adquirida. O plano prevê que, após a aquisição da nova unidade, o Hospital João Paulo II será completamente desativado em um prazo de 3 a 4 meses.
Alguns links importantes desta terça-feira…
Como vai funcionar
O plano apresentado prevê que a nova unidade adquirida focará em trauma e ortopedia, enquanto o Hospital Regina Pacis, já pertencente ao estado, absorverá os casos clínicos. Atualmente, o João Paulo II opera com aproximadamente 120 leitos físicos em sua unidade principal. Para viabilizar a aquisição, o estado conta com aproximadamente R$ 67 milhões provenientes do Tribunal de Contas. Paralelamente, há uma discussão sobre recursos federais de cerca de R$ 100 milhões, originalmente destinados à construção do Hospital de Urgência e Emergência (HEURO), que estava sob risco de perda. O secretário também esclareceu que o projeto do HEURO continua em andamento através do modelo BTS (Build to Suit), independente da aquisição do novo hospital. "São projetos diferentes, com fontes de recursos diferentes", explicou. A audiência foi presidida pelo deputado Marcelo Cruz, que declarou ‘faltar um diálogo entre o governo e a prefeitura de Porto Velho, aproveitando que Léo Moraes está com todo gás, e unir esforços para que a capital também consiga construir um Pronto Socorro.
Bonde andando
O senador Marcos Rogério convocou uma audiência pública para “debater a concessão da BR-364 e seus impactos para Rondônia”. A atitude do senador é louvável, porém tardia. Foram realizadas audiências sobre o tema, mas na época, o presidente era Jair Bolsonaro e a turma fazia de conta que estava tudo bem. A bem da verdade, quem está chiando alto são as empresas de transporte, já que elas pagarão pedágio mais alto, e claro, querem ‘discutir o assunto', alegando prejuízos para a população. A privatização já aconteceu, e agora dificilmente exista algo que possa ser alterado.
Líder do prefeito
O vereador Breno Mendes (Avante) é o líder do prefeito Léo Moraes na Câmara. O anúncio foi feito na última segunda-feira, durante sessão. Com a nova função, Breno assume a responsabilidade de defender as propostas do Executivo na Câmara, facilitando a tramitação de projetos importantes para a cidade. O vereador agradeceu a confiança do prefeito e destacou que sua prioridade será trabalhar para fortalecer as políticas públicas e melhorar a qualidade de vida da população.
Compensação fiscal
O deputado federal Lebrão apresentou o Projeto de Lei 228/25, que propõe uma compensação fiscal para os produtores brasileiros de leite em resposta à redução do Imposto de Importação do produto determinada pelo governo federal em 2022. A proposta estabelece que o percentual de redução da alíquota do Imposto de Importação para leite e derivados será revertido em compensação e equiparação para o produto industrializado nacional da mesma categoria, com a Receita Federal sendo responsável por calcular o montante. O projeto, que visa proteger os empregos e a indústria nacional leiteira sem interferir na disputa de mercado, será analisado em caráter conclusivo por três comissões da Câmara: Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Após a análise nas comissões da Câmara, o projeto seguirá para votação no Senado para que possa se tornar lei.
Combate à violência doméstica
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado tem prevista para esta quarta-feira (12) a votação de importantes projetos de lei relacionados à violência contra a mulher. O principal deles é o PL 4781/2023, do senador Carlos Viana, que estabelece a perda de bens e valores (entre R$ 500 e R$ 100 mil) para autores de crimes de estupro e violência doméstica, com valores sendo revertidos às vítimas ou entidades de proteção à mulher. Além deste, outros projetos relevantes serão analisados pela comissão, incluindo o PL 499/2023, da senadora Damares Alves, que prevê a perda de cargo público para criminosos sexuais contra mulheres, crianças, adolescentes e PcD, e o PL 3272/2024, que autoriza o porte de arma para mulheres sob medida protetiva de urgência. A pauta ainda inclui outros três projetos voltados aos direitos das mulheres e crianças, além de 18 requerimentos relacionados aos direitos de idosos e pessoas com deficiência.
Brasil atinge recorde histórico em afastamentos por ansiedade e depressão em 2024
O Brasil registrou um aumento alarmante de 68% nos afastamentos do trabalho por transtornos mentais em 2024, com mais de 470 mil casos documentados pelo INSS, sendo 141 mil relacionados à ansiedade e 113 mil à depressão. Os números, que representam o maior índice dos últimos 10 anos, revelam uma crise sem precedentes na saúde mental dos trabalhadores brasileiros. A ansiedade, que pode se manifestar como transtorno generalizado, TOC, fobia social ou síndrome do pânico, apresenta sintomas como palpitações, sudorese excessiva, formigamento nas extremidades e estado constante de alerta. Já a depressão caracteriza-se por alterações significativas no sono e apetite, perda de interesse em atividades antes prazerosas, dificuldade de concentração, pensamentos negativos recorrentes e sensação persistente de tristeza ou irritabilidade. As mulheres representam a maioria dos casos de afastamento, fenômeno que especialistas atribuem a fatores sociais como desigualdade salarial, sobrecarga de trabalho doméstico e exposição à violência de gênero. Segundo dados do IBGE, elas recebem menos que homens em 82% das áreas de atuação profissional. Ambas as condições são tratáveis e requerem acompanhamento profissional especializado, com abordagens que podem incluir psicoterapia e, em casos mais graves, medicação.