Gleisi assume articulação política do governo com missão de blindar Lula e pavimentar 2026
Nova ministra das Relações Institucionais chega ao cargo com a tarefa de fortalecer a base governista no Congresso e construir pontes para a sucessão presidencial, em meio a tensões com o Centrão
Em uma movimentação estratégica que sinaliza a preparação do PT para os próximos embates políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou nesta segunda-feira (10) Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais. A escolha da ex-presidente do PT para comandar a articulação política do governo revela não apenas uma aposta na experiência da parlamentar, mas também uma clara orientação para o futuro.
Perfil e trajetória
Gleisi Hoffmann chega ao cargo após uma trajetória marcada por momentos cruciais na história recente do PT. Como presidente do partido, foi responsável por manter a legenda coesa durante o período mais desafiador da sigla, quando Lula esteve preso em Curitiba. Sua capacidade de articulação ficou evidente na construção da maior coalizão já formada em torno de uma candidatura petista em 2022, reunindo nove partidos.
Desafios imediatos
A nova ministra assume em um momento delicado, com várias frentes de atuação prioritárias:
Reforma Tributária: Coordenar a implementação das mudanças aprovadas e negociar as leis complementares necessárias.
Agenda Econômica: Trabalhar em sintonia com o ministro Fernando Haddad para aprovar medidas fiscais importantes.
Reforma do IR: Uma das primeiras bandeiras anunciadas é a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula.
Articulação política
O perfil combativo de Gleisi, inicialmente visto com ressalvas pelo Centrão, precisará se adaptar à nova função. Sua nomeação representa uma mudança na estratégia de relacionamento com o Congresso, onde precisará:
Construir pontes com diferentes forças políticas
Evitar o desembarque de aliados do governo
Fortalecer a base governista para votações importantes
Olhar para 2026
A escolha de Gleisi não é apenas para o presente. Fontes próximas ao governo indicam que sua nomeação tem como pano de fundo a sucessão presidencial em 2026. A ministra terá papel fundamental em:
Articular alianças estratégicas para o próximo ciclo eleitoral
Fortalecer a presença do PT nos estados
Construir narrativas que sustentem o legado do atual governo
Análise do cenário
A nomeação de Gleisi Hoffmann representa uma dobrada aposta de Lula. Por um lado, traz para o núcleo do governo uma das mais fiéis aliadas, conhecida pela lealdade e capacidade de enfrentamento em momentos críticos. Por outro, sinaliza uma mudança na forma de relacionamento com o Congresso, buscando um equilíbrio entre a firmeza ideológica do PT e a necessidade de diálogo com diferentes forças políticas.
O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade da nova ministra em traduzir sua experiência partidária para o ambiente mais amplo da articulação governamental, onde as negociações envolvem interesses diversos e nem sempre alinhados ideologicamente.
Perspectivas
Os primeiros movimentos de Gleisi indicam uma postura de aproximação com diferentes setores, incluindo acenos ao ministro Fernando Haddad e ao Congresso Nacional. O desafio será manter esse equilíbrio enquanto trabalha para fortalecer a base do governo e prepara o terreno para 2026.
A ministra terá que demonstrar habilidade para navegar entre as diferentes correntes políticas, mantendo a identidade partidária sem criar obstáculos para as negociações necessárias à governabilidade. O sucesso nessa missão será fundamental não apenas para o governo Lula, mas também para o futuro do PT nas próximas disputas eleitorais.