Governo prepara nova tributação de dividendos que pode elevar carga fiscal brasileira a níveis recordes
Proposta do governo prevê alíquotas de até 27,5% sobre dividendos, gerando preocupação sobre dupla tributação e impacto nos investimentos
O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional, após o carnaval, uma controversa proposta de tributação sobre dividendos que promete redesenhar o cenário fiscal brasileiro. O projeto, que se inspira no modelo adotado pelos países da OCDE, pode transformar o Brasil em um dos países com maior carga tributária sobre investimentos do mundo, caso não sejam implementadas medidas compensatórias adequadas.
A proposta prevê uma tributação adicional que pode chegar a 27,5% sobre os dividendos distribuídos, seguindo a tabela progressiva do imposto de renda. Esta nova taxação se somaria à já existente carga tributária de aproximadamente 34% que incide sobre o lucro das empresas no regime de lucro real, gerando preocupações sobre uma possível dupla tributação.
Comparação internacional
Diferentemente do modelo brasileiro proposto, países como os Estados Unidos adotam um sistema mais equilibrado. No caso americano, as alíquotas sobre dividendos variam de 0% a 20%, dependendo da renda anual individual ou familiar, com mecanismos de compensação que evitam a sobreposição de tributos.
"A ausência de uma redução significativa na tributação corporativa pode tornar o ambiente de negócios brasileiro ainda menos competitivo internacionalmente", alerta Eliomar Menezes, economista especializado em Planejamento Econômico e Finanças Corporativas.
Histórico e contexto
Vale ressaltar que, desde 1995, a tributação direta sobre dividendos estava extinta no Brasil, com os impostos sendo consolidados na alíquota das empresas. Na prática, os dividendos já são tributados indiretamente através da cobrança sobre o lucro empresarial.
Alternativas para investidores
Em meio a esse cenário de possível aumento da carga tributária, algumas alternativas de investimento permanecerão com suas isenções fiscais, incluindo:
Fundos Imobiliários (FIIs)
FIAGROs
CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários)
CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
LCIs (Letras de Crédito Imobiliário)
LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio)
Perspectivas e próximos passos
Segundo informações recentes do Ministério da Fazenda, a proposta faz parte de um pacote mais amplo de reforma tributária sobre a renda, que inclui também a promessa de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000. O projeto ainda passará por intensos debates no Congresso Nacional, onde parlamentares já apresentaram propostas alternativas.
"O grande desafio será encontrar um equilíbrio entre a necessidade de aumentar a arrecadação federal e a manutenção de um ambiente favorável aos investimentos no país", destaca Menezes.
Impacto no Mercado
A nova proposta já causa apreensão no mercado financeiro. Especialistas alertam que o aumento da carga tributária sobre dividendos pode:
Desestimular investimentos em ações
Reduzir a atratividade do mercado de capitais brasileiro
Incentivar a migração de capital para instrumentos isentos
Afetar decisões de distribuição de lucros das empresas
O projeto segue agora para análise e votação no Congresso Nacional, onde deverá enfrentar intensos debates e possíveis modificações antes de sua eventual aprovação. A expectativa é que as discussões se estendam ao longo de 2025, com possível implementação gradual a partir de 2026.