Grupo Safra expande presença global com aquisição bilionária do Saxo Bank
Em uma das maiores transações bancárias privadas dos últimos anos, J. Safra Sarasin investe € 1,1 bilhão para adquirir 70% do banco digital dinamarquês, consolidando sua posição no mercado europeu
O J. Safra Sarasin, braço suíço do império financeiro da família Safra, anunciou nesta segunda-feira (10) a aquisição de 70% do Saxo Bank, importante player dinamarquês do mercado financeiro digital, em uma transação que avalia a instituição em € 1,6 bilhão (aproximadamente US$ 1,7 bilhão). A operação, que representa um investimento de € 1,1 bilhão, marca a segunda maior transação já realizada pela instituição suíça e sinaliza uma importante mudança estratégica no mercado financeiro europeu.
Fusão estratégica entre tradição e inovação
"Esta é uma aquisição transformadora que nos posicionará para o futuro da gestão de patrimônio", afirmou Daniel Belfer, CEO do J. Safra Sarasin. A operação representa uma significativa união entre o tradicional mercado de private banking e o setor fintech, combinando a expertise centenária do Grupo Safra com a inovação digital do Saxo Bank.
O acordo mantém Kim Fournais, fundador e CEO do Saxo Bank, no comando da operação, preservando cerca de 28% de participação na instituição. A estrutura acionária anterior incluía participações da Geely Financials Denmark, subsidiária do grupo chinês Zhejiang Geely Holding Group, e do Mandatum Group, que agora transferem suas posições para o J. Safra Sarasin.
Complementaridade de negócios
A aquisição apresenta uma clara estratégia de diversificação para o J. Safra Sarasin. Enquanto o banco suíço tradicionalmente atende clientes ultra high net worth e high net worth, o Saxo Bank tem forte presença no segmento de varejo através de sua plataforma digital de investimentos. Juntas, as instituições administram um volume expressivo de recursos: o Saxo Bank possui aproximadamente US$ 118 bilhões em ativos de clientes, enquanto o J. Safra Sarasin supervisiona US$ 247 bilhões.
Contexto histórico e perspectivas
Fundado em 1992 por Kim Fournais e Lars Seier Christensen, o Saxo Bank se estabeleceu como uma das principais plataformas de negociação da Europa. A instituição passou por uma importante mudança em 2017, quando Christensen vendeu sua participação para o grupo Geely, marcando o início de uma nova fase que culmina agora com a entrada do Grupo Safra.
Jacob J. Safra, chairman do J. Safra Sarasin, destacou o caráter estratégico da aquisição: "Esta operação representa um marco significativo para o J. Safra Sarasin, criando novas oportunidades para expansão e aumentando ainda mais nossa vantagem competitiva no mercado global."
Movimento de consolidação no setor
A transação se insere em um contexto mais amplo de consolidação no setor bancário europeu, que tem registrado uma série de fusões e aquisições nos últimos meses. O processo de venda do Saxo Bank, conduzido pelo Goldman Sachs, atraiu interesse de diversos players, incluindo fundos de private equity como Altor e Centerbridge, além da Interactive Brokers.
A operação também reflete uma tendência mais ampla de consolidação no segmento de gestão de patrimônio, seguindo movimentos recentes como a aquisição da Cité Gestion pela EFG International e as discussões envolvendo o Julius Baer e o próprio EFG no ano passado.
Com esta aquisição, o Grupo Safra, que já mantém operações significativas no Brasil, Suíça e Estados Unidos, fortalece sua posição global e se prepara para uma nova era na gestão de patrimônio, combinando sua tradição centenária com as inovações tecnológicas do Saxo Bank.