Lobos extintos há 10 mil anos voltam à vida em experimento revolucionário
Empresa americana ressuscita lobos gigantes através de engenharia genética, abrindo caminho para trazer de volta mamutes e outros animais extintos
Um feito que parecia impossível saiu das páginas da ficção científica para a realidade: o lobo atroz (Aenocyon dirus), um dos predadores mais temidos da Era do Gelo, extinto há mais de 10 mil anos, voltou à vida.
A empresa americana Colossal Biosciences, baseada em Dallas, Texas, anunciou o nascimento de três filhotes – Romulus, Remus e Khaleesi – resultado de um projeto revolucionário que combina análise de DNA fóssil, edição genética avançada e o uso de mães substitutas. Publicado pela revista Time, o marco é descrito como a primeira desextinção bem-sucedida da história, reacendendo debates sobre ciência, ética e o futuro da biodiversidade.
O lobo atroz, conhecido por sua força bruta e tamanho superior ao do lobo-cinza moderno, habitou as Américas durante o Pleistoceno, entre 250 mil e 10 mil anos atrás. Fósseis encontrados em locais como o Rancho La Brea, na Califórnia, revelam que esses animais caçavam presas enormes, como cavalos selvagens, bisões e até camelos da época.
Com mandíbulas poderosas capazes de triturar ossos e uma estrutura corporal robusta, o lobo atroz era um ícone da megafauna pré-histórica – até desaparecer com as mudanças climáticas e a extinção de suas presas no final da última glaciação. Sua fama cresceu na cultura pop, especialmente após inspirar os "lobos gigantes" da série Game of Thrones, mas ninguém imaginava que ele poderia um dia caminhar novamente entre nós.
A jornada para ressuscitar essa espécie começou com a coleta de DNA antigo. A equipe da Colossal, liderada pela chefe científica Beth Shapiro, analisou fósseis bem preservados: um dente de 13 mil anos e um crânio de 72 mil anos, ambos ricos em material genético. Após anos de pesquisa, os cientistas conseguiram sequenciar o genoma completo do lobo atroz, comparando-o ao do lobo-cinza (Canis lupus), seu parente mais próximo ainda vivo. A diferença crucial estava em 14 genes que definiam características específicas, como o tamanho maior, a pelagem mais clara e a musculatura reforçada do lobo atroz
.Com o genoma em mãos, a Colossal utilizou a tecnologia CRISPR – uma ferramenta de edição genética que permite "cortar e colar" trechos de DNA – para reescrever o código genético de células de lobos-cinza. Diferente de métodos anteriores, que exigiam biópsias invasivas, a equipe desenvolveu uma técnica mais simples: extrair células-tronco do sangue dos lobos-cinza, editá-las em laboratório e inseri-las em óvulos sem núcleo. Esses óvulos foram transformados em embriões viáveis, que, por sua vez, foram implantados em duas cadelas mestiças de caça, selecionadas por sua robustez física e saúde impecável.
O resultado foi impressionante. Em 1º de outubro de 2024, nasceram Romulus e Remus, os dois machos, por cesariana planejada em uma clínica veterinária de alta tecnologia no Texas. Meses depois, em janeiro de 2025, Khaleesi, a fêmea, veio ao mundo da mesma forma. Os nomes, escolhidos com um toque de humor e simbolismo – Romulus e Remus remetem aos fundadores míticos de Roma, enquanto Khaleesi ecoa a personagem de Game of Thrones – refletem a grandiosidade do projeto. Aos seis meses, os machos já exibem características marcantes do lobo atroz, como patas largas e corpos mais pesados que os de filhotes de lobo-cinza da mesma idade. Khaleesi, com dois meses, ainda está em fase de crescimento, mas já mostra sinais de sua herança pré-histórica.
Atualmente, os três filhotes vivem em uma reserva cercada nos Estados Unidos, mantida em segredo para protegê-los de curiosos e possíveis ameaças. Cercados por pinheiros e monitorados 24 horas por dia, eles são alimentados com uma dieta rica em carne crua, simulando o que seus ancestrais comeriam na natureza. "Não queremos apenas exibi-los, mas estudar como se desenvolvem e como podem se integrar a ecossistemas modernos", explica Shapiro. A Colossal planeja usar os dados coletados para refinar o processo e, eventualmente, criar uma população maior de lobos atroz.
O projeto vai além de um experimento isolado. Ben Lamm, CEO da Colossal, vê a desextinção como uma ferramenta para combater a crise de biodiversidade global. Segundo o Centro para Diversidade Biológica, 30% da diversidade genética do planeta pode desaparecer até 2050 devido a mudanças climáticas e atividades humanas. A empresa já trabalha em outros alvos ambiciosos: o mamute-lanudo, extinto há 4 mil anos, o dodô, desaparecido no século XVII, e o tigre-da-tasmânia, perdido no século XX. Paralelamente, a Colossal colabora com organizações de conservação para aplicar suas técnicas em espécies ameaçadas, como o lobo-vermelho (Canis rufus), cujos números estão em declínio crítico.
No entanto, o retorno do lobo atroz levanta questões éticas e práticas. Críticos perguntam se é justo trazer de volta uma espécie sem um habitat natural para sustentá-la ou se os recursos investidos na desextinção não seriam mais úteis para salvar animais vivos em risco. Shapiro responde que a tecnologia pode fazer ambos: "Estamos construindo ferramentas para preservar o presente e recuperar o passado. O lobo atroz é a prova de que podemos reverter erros históricos".
Para a Colossal, o sucesso com Romulus, Remus e Khaleesi é apenas o começo. Enquanto os filhotes crescem, o mundo observa com uma mistura de fascínio e apreensão. O lobo atroz, outrora um eco distante da pré-história, agora late novamente – um testemunho do poder da ciência e um convite para repensarmos nosso papel no planeta.
O processo de ressurreição
A equipe da Colossal utilizou DNA extraído de um dente de 13.000 anos encontrado em Ohio e um osso do ouvido de 72.000 anos descoberto em Idaho. Diferentemente da clonagem tradicional, os cientistas não utilizaram DNA antigo diretamente, mas reescreveram o código genético de lobos modernos para corresponder ao dos lobos-gigantes extintos.
O procedimento envolveu:
Coleta de células progenitoras endoteliais do sangue de lobos cinzentos
Edição genética precisa para replicar características dos lobos-gigantes
Implantação em mães substitutas (cadelas de grande porte)
Nascimento por cesariana planejada
Características únicas
Os novos lobos-gigantes apresentam características distintivas que os diferenciam dos lobos modernos:
Pelagem branca como neve
Ombros mais poderosos
Cabeça mais larga
Dentes e mandíbulas maiores
Pernas mais musculosas
Vocalizações características
Implicações para o futuro
A Colossal Biosciences, avaliada em US$ 10,2 bilhões, não pretende parar por aqui. A empresa já está trabalhando para trazer de volta:
Mamute lanoso (previsto para 2028)
Dodô
Tigre da Tasmânia
Beth Shapiro, diretora científica da empresa, afirma: "Somos uma força evolutiva neste momento. Estamos decidindo qual será o futuro dessas espécies."
Controvérsias e desafios
Apesar do sucesso inicial, o projeto enfrenta questionamentos da comunidade científica sobre:
Bem-estar animal
Riscos de espécies invasoras
Limitações do habitat em cativeiro
Implicações éticas da manipulação genética
Os três lobos-gigantes atualmente vivem em uma reserva ecológica de 809 hectares, sob monitoramento 24 horas por dia, onde demonstram comportamentos típicos de lobos selvagens, mantendo distância de humanos e exibindo instintos de caça naturais.
Palavras-chave: desextinção, engenharia genética, lobos-gigantes, Colossal Biosciences, ciência, biotecnologia, preservação animal, Era do Gelo
Hashtags: #PainelPolitico #CienciaBrasileira #Desextinção #InovacaoCientifica #LobosGigantes #Biotecnologia #PreservacaoAnimal #CienciaEFuturo