Marcelo Cruz cobra do governo compra do hospital e faz alerta contra 'atravessadores'
Deputado Marcelo Cruz revela tentativa de inflar valor do Hospital 9 de Julho e cobra transparência em articulação que pode custar milhões aos cofres públicos
Em um discurso firme na tribuna da Assembleia Legislativa de Rondônia, o deputado estadual Marcelo Cruz trouxe à tona uma grave denúncia que coloca em xeque a gestão de recursos públicos na área da saúde.
Segundo o parlamentar, uma tentativa de superfaturamento na aquisição do Hospital 9 de Julho, unidade privada que substituiria o sobrecarregado Hospital João Paulo II, foi identificada e exposta, revelando uma diferença gritante entre o valor real do empreendimento e a proposta apresentada por intermediários.
De acordo com os dados apresentados por Cruz, o hospital, inicialmente negociado por cerca de R$ 35 milhões, teve seu preço inflado para impressionantes R$ 100 milhões por meio de supostos atravessadores. A denúncia ganhou ainda mais peso ao destacar que o governador Marcos Rocha, ciente da irregularidade, chegou a considerar um investimento entre R$ 40 e R$ 60 milhões, mas optou por cancelar a negociação ao perceber a manobra. “Mesmo que isso possa custar a eleição, não vou entrar nessa pegadinha”, teria afirmado Rocha, conforme relembrou o deputado.
Marcelo Cruz alertou que, apesar do anúncio público de cancelamento, há indícios de que as negociações podem estar prosseguindo nos bastidores. Fontes apontam para uma possível articulação que reduziria o valor da compra para algo entre R$ 45 e R$ 49 milhões – ainda assim, acima do preço original de R$ 35 milhões. A persistência de valores acima do mercado levanta suspeitas sobre os reais interesses por trás do negócio.
Um elemento que chama atenção na denúncia é o envolvimento de um escritório de advocacia na intermediação da transação. A participação de terceiros em um processo que deveria ser conduzido com máxima transparência alimenta questionamentos sobre os atores envolvidos e reforça a necessidade de uma investigação mais aprofundada para esclarecer os fatos.
Um problema crônico na saúde de Rondônia
A polêmica em torno do Hospital 9 de Julho não é um caso isolado, mas reflete um histórico de desafios na saúde pública de Rondônia. A situação remete diretamente ao fracasso na construção do Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia (Heuro), projetado para ser uma solução definitiva para a crise no atendimento médico estadual, mas que nunca saiu do papel. A sobrecarga do Hospital João Paulo II, principal unidade de emergência da capital, tem pressionado o governo a buscar alternativas, o que torna ainda mais grave qualquer tentativa de desvio ou má gestão de recursos nesse contexto.
Rondônia realmente precisa de um hospital, e a alternativa mais rápida para resolver o gargalo é a aquisição de uma unidade privada.
Transparência em jogo
O caso expõe a fragilidade e a complexidade das negociações envolvendo recursos públicos, especialmente em um setor tão sensível como a saúde. A diferença de dezenas de milhões de reais entre o valor real e as propostas infladas demonstra o quanto a falta de controle e fiscalização pode custar aos cofres públicos – e, consequentemente, à população que depende do sistema de saúde estadual.
A denúncia de Marcelo Cruz não apenas reacende o debate sobre a gestão responsável dos recursos públicos, mas também coloca pressão sobre o governo de Marcos Rocha para esclarecer os rumos dessa negociação.
A possibilidade de que o negócio continue sendo articulado em segredo, mesmo após o cancelamento oficial, reforça a urgência de uma resposta clara e de medidas concretas para garantir a lisura do processo.
Enquanto o caso não é totalmente esclarecido, a população de Rondônia segue à espera de soluções para os problemas crônicos da saúde pública – e de uma gestão que priorize o interesse coletivo acima de qualquer suspeita de favorecimento ou irregularidade.
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