Marcos Rocha quer enterrar mais uma cabeça de burro no setor de saúde de Rondônia
Rocha está na verdade, ‘uberizando’ a responsabilidade que lhe cabe
A expressão 'enterrar cabeça de burro' tem origem na superstição de que enterrar a cabeça de um burro, ou jumento, em um terreno pode trazer má sorte e infortúnios, especialmente em empreendimentos. Em Rondônia, ao que tudo indica enterraram uma manada inteira desses animais no setor de saúde.
Do fracasso das reformas dos hospitais, ao fiasco retumbante da construção do Hospital de Emergências e Urgências de Rondônia, o ‘finado’ Heuro, a coisa só piora.
E como miséria pouca é bobagem, o governador decidiu pela saída mais fácil, queimar o dinheiro da população terceirizando a gestão hospitalar, ao custo de R$ 500 milhões. O processo está em fase de licitação pública, com contestações em andamento.
A Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) publicou um edital no Portal Nacional de Contratações Públicas para selecionar uma empresa especializada que será responsável pela gestão de três unidades hospitalares do estado: Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II (HPSJPII), Unidade de Assistência Médica Intensiva (AMI) e Hospital de Retaguarda de Rondônia (HRRO). O processo licitatório, com valor estimado em R$ 500 milhões, prevê que a empresa vencedora ficará responsável pelo gerenciamento da estrutura física, equipes de trabalho e execução de serviços médico-hospitalares, incluindo fornecimento de materiais e equipamentos.
Segundo o secretário Jefferson Rocha, o objetivo é suprir a carência de profissionais especialistas e garantir a continuidade dos serviços, mantendo todos os contratos vigentes de servidores estatutários e contratados emergencialmente.
O modelo manterá a gestão pública com fiscalização integral por parte do governo do estado.
O Estado não tem deficiência de pessoal, tem é má-distribuição e falta de valorização. Rocha está na verdade, ‘uberizando’ a responsabilidade que lhe cabe.
Nesta quarta-feira, o deputado estadual Marcelo Cruz (Patriota) solicitou a suspensão imediata do processo de contratação de uma empresa que assumiria a gestão de unidades públicas de saúde em Rondônia. A medida foi tomada em resposta ao contrato de até R$ 500 milhões por ano aos cofres públicos, sendo que a principal justificativa para o pedido de suspensão foi a falta de diálogo e transparência no processo de terceirização.
A proposta tem enfrentado forte resistência por parte dos servidores da saúde e da população em geral, que temem a precarização do atendimento e a desvalorização dos profissionais do setor. O caso ganhou repercussão nas redes sociais, com manifestações e protestos organizados por sindicatos e movimentos da categoria, utilizando a hashtag #SaúdeNãoSeVende. Especialistas defendem que, ao invés da terceirização, a prioridade deveria ser o investimento em infraestrutura, contratação de pessoal e melhoria das condições de trabalho.
O projeto tem gerado intensas críticas e suspeitas de favorecimento à empresa Mediall Brasil Gestão em Saúde, de Goiânia. O processo tem sido marcado por denúncias de direcionamento e falta de transparência, somando-se a outros fracassos administrativos como o projeto do novo Hospital de Urgência e Emergência (Heuro) e a tentativa frustrada de compra de um hospital privado.
A situação política do governador se complica ainda mais considerando suas pretensões ao Senado Federal em 2026. Para concorrer ao cargo, Rocha precisará renunciar ao governo até 4 de abril de 2026, deixando a administração nas mãos de seu vice, Sérgio Gonçalves, irmão de Junior Gonçalves, ex-secretário-chefe da Casa Civil que foi exonerado em circunstâncias controversas.
O governador enfrenta isolamento político dentro da própria base, sendo considerado um "pato manco", e terá que lidar não apenas com adversários externos, mas também com o legado problemático de sua gestão e um sucessor potencialmente não alinhado aos seus interesses.
Como eu disse no início, Rocha está enterrando a manada e junto, seu futuro político.