Moraes na New Yorker - O juiz brasileiro que enfrenta a extrema direita digital: uma batalha pela democracia
Alexandre de Moraes é destaque em revista americana por liderar cruzada contra desinformação e extremismo online, desafiando gigantes como Elon Musk
Em um cenário global onde as redes sociais se tornaram armas de mobilização política, um juiz brasileiro está no centro de uma guerra contra o extremismo digital. Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), emergiu como uma figura controversa e poderosa na luta para proteger a democracia brasileira de ataques online, enfrentando nomes de peso como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o bilionário Elon Musk e até mesmo o presidente americano Donald Trump. Seu alvo? O que ele chama de “novo populismo extremista digital”, uma força que, segundo ele, ameaça as instituições democráticas ao manipular informações e mobilizar massas sem intermediários.
De acordo com um perfil detalhado publicado na edição de 7 de abril de 2025 da revista The New Yorker, assinado pelo jornalista Jon Lee Anderson, Moraes é retratado como um homem de ação, cuja trajetória vai desde cortar pés de maconha com um facão como ministro da Justiça até impor multas e bloqueios a plataformas como o X (antigo Twitter).
A reportagem destaca uma entrevista realizada em seu escritório em Brasília, com vista para o Lago Paranoá, onde o juiz explicou sua visão sobre o poder das redes sociais. “A extrema direita percebeu, durante a Primavera Árabe, que as mídias sociais poderiam mobilizar pessoas sem intermediários”, disse ele. “Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos perdidos. Os nazistas teriam conquistado o mundo.”
Uma batalha que começou há mais de uma década
Moraes argumenta que a luta pelo controle da internet começou há cerca de 15 anos, quando algoritmos inicialmente criados para fins econômicos – captar consumidores – foram redirecionados para a conquista de poder político. No Brasil, um país onde os cidadãos estão entre os maiores usuários globais de plataformas como X e WhatsApp, essa dinâmica ganhou contornos únicos.
Aqui, o Judiciário tem a responsabilidade adicional de supervisionar as eleições, o que coloca Moraes e o STF na linha de frente contra tentativas de desestabilização democrática. “A extrema direita quer tomar o poder não dizendo que é contra a democracia, porque isso não teria apoio público, mas alegando que as instituições democráticas estão manipuladas”, afirmou ele à New Yorker.
Sua cruzada, porém, não é isenta de polêmicas. Desde a primavera de 2024, Moraes entrou em choque direto com Elon Musk, dono do X, por causa de contas que o juiz acusava de espalhar discurso de ódio e propaganda maliciosa. Quando Moraes ordenou a remoção dessas contas, Musk se recusou a cumprir. O embate escalou com multas não pagas, congelamento de contas bancárias do X e da Starlink (outra empresa de Musk) e, em agosto de 2024, um bloqueio nacional do X no Brasil.
Musk chegou a burlar temporariamente a proibição usando a infraestrutura da Starlink, mas acabou cedendo à pressão. Para Moraes, essas medidas são necessárias para proteger a soberania brasileira contra o que ele vê como uma ameaça transnacional.
Um juiz amado e odiado
A trajetória de Alexandre de Moraes reflete uma mudança drástica em sua imagem pública. Quando foi ministro da Justiça no governo de Michel Temer, entre 2016 e 2017, era acusado pela esquerda de ser um golpista. Hoje, é a extrema direita que o demoniza. Um meme popular nas redes sociais mostra um vídeo dele destruindo uma plantação de maconha – mas ao contrário, fazendo as plantas “brotarem” do chão, simbolizando essa inversão de percepção.
Nomeado ao STF por Temer, Moraes integra uma corte de 11 ministros com poderes extraordinários, descritos pelo jornalista brasileiro Felipe Recondo como sem “limites claros de autoridade”.
A reportagem da New Yorker também traz vozes complementares. Cármen Lúcia, única mulher no STF, conecta a luta atual às cicatrizes da ditadura militar: “Ser livre é se libertar das condições de opressão do passado. Em vez de as máquinas estarem sujeitas aos humanos, os humanos estão se tornando sujeitos às máquinas, o que traz novas formas de tirania.”
Já Marcelo Rubens Paiva, escritor cujo pai foi torturado e morto pelo regime militar, reforça a gravidade do momento, lembrando como a desinformação pode reabrir feridas históricas.
Um teste global para a democracia
O Brasil, com sua população hiperconectada e um Judiciário ativo, tornou-se um laboratório para o mundo na guerra contra a desinformação. A ofensiva de Moraes já resultou em vitórias, como a contenção de narrativas golpistas após as eleições de 2022, mas também levanta questões: até onde pode ir o poder de um juiz para proteger a democracia sem cruzar a linha do autoritarismo? Enquanto a extrema direita o acusa de censura, seus defensores o veem como um guardião das instituições.
Seis semanas após a entrevista com Anderson, um ataque em Brasília – o assassinato de um segurança por um extremista – reforçou a urgência da missão de Moraes. Para ele, o extremismo digital não é apenas discurso: é uma ameaça real, com consequências no mundo físico. Resta saber se sua estratégia será um modelo para o mundo ou um alerta sobre os riscos de concentrar tanto poder nas mãos de um único homem.
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