Porto Velho em alerta: cheia do Rio Madeira leva Prefeitura a decretar situação de emergência
Mais de 14 mil pessoas afetadas; Medida visa agilizar ajuda às vítimas do desastre natural
A capital de Rondônia amanheceu nesta quinta-feira, 10 de abril de 2025, sob um decreto de situação de emergência devido à cheia do Rio Madeira, que já afeta mais de 14 mil pessoas em 47 comunidades ribeirinhas e começa a invadir áreas urbanas. Publicado no Diário Oficial dos Municípios, o Decreto nº 20.894, assinado pelo prefeito Léo Moraes, terá validade de 180 dias e busca mobilizar recursos para atender a população atingida por um dos maiores eventos climáticos da região nos últimos anos.
O decreto permite que a Defesa Civil ações de emergência, como a entrada forçada em imóveis em risco, o uso de propriedades particulares em casos de perigo público e a convocação de voluntários.
Além disso, o documento autoriza a dispensa de licitação para a contratação de serviços e obras que sejam destinados ao atendimento da situação de emergência. A prefeitura destacou que o objetivo é agilizar o apoio às comunidades afetadas e garantir a segurança da população diante do avanço das águas.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Madeira atingiu 16,68 metros na manhã desta quinta-feira, apenas 32 centímetros abaixo da cota de inundação, estipulada em 17 metros. O aumento de 39 centímetros nas últimas 24 horas acendeu o alerta das autoridades, que temem uma repetição da cheia histórica de 2014, quando o rio alcançou 19,74 metros e deixou marcas profundas na cidade. A previsão é de mais chuvas até o fim de semana, o que pode agravar ainda mais a situação.
Comunidades isoladas e ação imediata
A Defesa Civil Municipal já identificou 47 comunidades diretamente impactadas, com destaque para São Carlos, Nazaré e Calama, onde o acesso por terra foi comprometido. Em algumas áreas, como o Ramal Maravilha, famílias dependem exclusivamente de barcos para se locomover, enquanto ruas do centro de Porto Velho começam a sentir os primeiros sinais da invasão das águas. A prefeitura estima que 2.760 famílias – aproximadamente 14 mil pessoas – estejam em situação de vulnerabilidade.
O decreto autoriza medidas emergenciais, como a compra de bens e insumos sem licitação, desde que justificadas, e a mobilização de todos os órgãos municipais para atuar sob a coordenação da Defesa Civil. Entre as ações previstas estão a distribuição de cestas básicas, água potável e kits de higiene, além do deslocamento de moradores das áreas mais críticas para abrigos na zona urbana. “Estamos trabalhando para minimizar os danos e garantir a segurança da população”, afirmou o prefeito em comunicado oficial.
Um rio em ascensão e o passado que assombra
A cheia atual é impulsionada por chuvas intensas na Bolívia e no Peru, onde nascem os rios Beni e Madre de Dios, responsáveis por cerca de 70% da vazão do Madeira. Após um período de seca extrema em 2024, quando o rio atingiu níveis historicamente baixos, a rápida elevação surpreendeu especialistas e moradores. “O rio estava em 16,29 metros na quarta-feira e subiu para 16,68 metros em menos de um dia. Isso mostra a força desse evento”, destaca o boletim do CPRM.
A memória da cheia de 2014, que desalojou mais de 30 mil famílias e paralisou a BR-364, ainda ecoa entre os porto-velhenses. Na época, a região portuária ficou comprometida, e o Acre chegou a ficar isolado do resto do país. Hoje, a prefeitura corre contra o tempo para evitar um cenário semelhante, enquanto a população ribeirinha enfrenta a incerteza de mais um ciclo extremo do rio que é sua fonte de vida e, agora, de preocupação.
Desafios climáticos e o futuro
A alternância entre secas e cheias severas reflete os impactos das mudanças climáticas na Amazônia, segundo especialistas. Para os moradores, o decreto de emergência é um alívio temporário, mas também um lembrete da vulnerabilidade da região. Enquanto o Rio Madeira segue subindo, Porto Velho se prepara para dias de tensão, com a esperança de que a solidariedade e a ação rápida das autoridades possam amenizar os prejuízos de mais um capítulo de sua história ligada às águas.
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